O TEMPO NA NARRATIVA DE FICÇÃO
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2. Psicológico ou Imaterial (metafísico) Não obedece à cronologia, não mantém nenhuma relação com o tempo propriamente dito, cuja passagem é alheia a nossa vontade. O tempo psicológico transcorre no interior de cada personagem (ou de cada ser humano), numa ordem determinada pelo desejo ou pela imaginação do narrador ou dos personagens e reflete suas vivências subjetivas, suas angústias e ansiedades. É o tempo interior que se alarga ou se encurta conforme o estado de espírito em que se encontra. Falas como “Ah, o tempo não passa...” ou “Esse minuto não acaba!” refletem o tempo psicológico. Daí, dizer-se que o tempo psicológico altera-se de pessoa para pessoa. O que importa, como já foi dito, é o momento da personagem, suas emoções e reflexões. Por isso, através de seus devaneios e memórias ele poderá ir ao passado e ao futuro, sem obedecer à ordem do tempo cronológico. Para exemplificar, observe esta passagem do conto Missa do Galo (Machado de Assis), em que o narrador-personagem espera a meia-noite da véspera de Natal: “Os minutos voavam, ao contrário do que costumam fazer, quando são de espera; ouvi bater onze horas, mas quase sem dar por elas, um acaso”. Observe como o tempo para o narrador-personagem se encurta, ou melhor, voa. Quer dizer, parecia que voavam, pois, era esta a sensação que ele, tinha naquele momento. É o tempo psicológico, o tempo interior que se alarga ou se encurta conforme o estado de espírito da personagem. No processo de construção do tempo psicológico, não raro, se associa o flashback, técnica, praticamente, a serviço do tempo psicológico. Tomemos como exemplo, São Bernardo (Graciliano Ramos). Nele Paulo Honório (narrador-personagem) é perseguido pela lembrança da esposa morta, Madalena, todos os dias ao cair da noite. 3. A Gramática do Tempo Para a obtenção de um determinado efeito temporal na ficção, é de suma importância controlar a flexão dos tempos verbais (presente, pretérito, futuro). Outros recursos para a construção do tempo são os advérbios e as locuções adverbiais, como: há pouco, ontem, agora, no dia seguinte, há dois dias, etc. Na construção do tempo de uma narrativa, deve-se em primeiro lugar determinar em que momento as ações se sucederão e, depois escolher os verbos, advérbios e locuções adverbiais de acordo com o momento a ser caracterizado. _________________________ Informações foram retiradas e adaptadas ao texto de: Cândida Vilares Gancho, Série Princípios, 7ª edição. Maria Luiza & Marcela Nogueira – O Texto Narrativo. Massaud Moisés - A Criação Literária. Para copiar o texto: selecione-o e tecle Ctrl + C. Agradeço a leitura do texto e, antecipadamente, qualquer comentário. Se você encontrar omissões e erros (inclusive de português), relate-me. |
Ricardo Sérgio |
Publicado no Recanto das Letras em 13/03/2007 Código do texto: T410685 |
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