TEMPO CRONOLÓGICO 
O tempo cronológico, linear e em seqüência, que dita o ritmo de  nossas vidas, chama-se cronos. Na tradição grega, desenvolve-se a  mitologia do Tempo (Chronos) ligado à Memória (Mnemosýne), sua irmã. A  experiência humana do tempo – como se fosse uma força que destrói -, se  ligada à memória, pode fornecer a ilusão de eternidade. O Tempo é  anterior aos deuses olímpicos. Há o relato de Hesíodo, por exemplo,  sobre a Terra (Gaia) e o Céu (Uranos) que geraram o Tempo (Chronos), pai  de Zeus, e a Memória (Mnemosýne). Para os gregos, cronos representava o  tempo que falta para a morte, um tempo que se consome a si mesmo. Por  isso, seu oposto é kairos: momentos afortunados que transcendem as  limitações impostas pelo medo da morte! 
Kairos é uma antiga noção grega que se refere a um aspecto  qualitativo do tempo. A palavra kairos, em grego, significa o momento  certo. A palavra correspondente em latim, momentum, refere-se ao  instante, ocasião ou movimento, que deixa impressões únicas por toda uma  vida. Por isso, kairos refere-se a uma experiência temporal na qual  percebemos o momento oportuno em relação à determinada ação: saber a  hora certa de estar no lugar certo.  
Podemos, então, definir o tempo do agir humano como tempo Chronos  e o tempo transcendente como Kairos, pois o mundo espiritual trabalha  no tempo kairos. 
Nosso conhecimento inicial do tempo provinha de narrativas orais  ou escritas, que se iniciaram com as civilizações antigas como uma forma  de estabelecer vínculo com o passado. A tradição das narrativas era um  modo de se integrar à ação com a organização espaço-temporal das  comunidades. O tempo, que intervém no discurso ou nas narrativas em  geral, apresenta dois aspectos principais: a “história inventada”,  voltada ao entretenimento, já que seu objeto é a abstração e imaginação e  não a realidade; e a História, como objeto de estudo, para narrar e  explicar um discurso cuja verdade lhe é exterior sob o ponto de vista do  autor, origem, localização geográfica e sociedade organizada presente  nela. 
Portanto, a construção do Tempo humano privilegia a Memória como  conquista progressiva do homem, tanto de seu passado individual como do  passado coletivo do grupo social que estava inserida. 
Nesses dias a conexão entre o tempo e o espaço era bastante  nítida. Todas as culturas deste tempo possuíam maneiras de calcular o  tempo: calendários, entre outros. O cálculo do tempo, base da vida  cotidiana, sempre vinculou tempo e lugar: o “quando” só fazia sentido se  vinculado ao “onde”. A vida social estava dominada pela localização das  atividades. Porém, com o advento das novas formas de comunicação –  internet, etc – pode-se perceber que há uma transformação no  comportamento humano, principalmente dos jovens, pois podemos interagir  com pessoas de todo o mundo simultaneamente, assim o tempo cronológico  está tomando outros rumos. Temos hoje na internet uma hora mundial,  barreiras estão sendo quebradas e o “quando” e o “onde” já não ditam  todas as regras em nossos dias.
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