segunda-feira, 28 de março de 2011

Tempo cronológico 2

TEMPO CRONOLÓGICO


O tempo cronológico, linear e em seqüência, que dita o ritmo de nossas vidas, chama-se cronos. Na tradição grega, desenvolve-se a mitologia do Tempo (Chronos) ligado à Memória (Mnemosýne), sua irmã. A experiência humana do tempo – como se fosse uma força que destrói -, se ligada à memória, pode fornecer a ilusão de eternidade. O Tempo é anterior aos deuses olímpicos. Há o relato de Hesíodo, por exemplo, sobre a Terra (Gaia) e o Céu (Uranos) que geraram o Tempo (Chronos), pai de Zeus, e a Memória (Mnemosýne). Para os gregos, cronos representava o tempo que falta para a morte, um tempo que se consome a si mesmo. Por isso, seu oposto é kairos: momentos afortunados que transcendem as limitações impostas pelo medo da morte!
Kairos é uma antiga noção grega que se refere a um aspecto qualitativo do tempo. A palavra kairos, em grego, significa o momento certo. A palavra correspondente em latim, momentum, refere-se ao instante, ocasião ou movimento, que deixa impressões únicas por toda uma vida. Por isso, kairos refere-se a uma experiência temporal na qual percebemos o momento oportuno em relação à determinada ação: saber a hora certa de estar no lugar certo.
Podemos, então, definir o tempo do agir humano como tempo Chronos e o tempo transcendente como Kairos, pois o mundo espiritual trabalha no tempo kairos.
Nosso conhecimento inicial do tempo provinha de narrativas orais ou escritas, que se iniciaram com as civilizações antigas como uma forma de estabelecer vínculo com o passado. A tradição das narrativas era um modo de se integrar à ação com a organização espaço-temporal das comunidades. O tempo, que intervém no discurso ou nas narrativas em geral, apresenta dois aspectos principais: a “história inventada”, voltada ao entretenimento, já que seu objeto é a abstração e imaginação e não a realidade; e a História, como objeto de estudo, para narrar e explicar um discurso cuja verdade lhe é exterior sob o ponto de vista do autor, origem, localização geográfica e sociedade organizada presente nela.
Portanto, a construção do Tempo humano privilegia a Memória como conquista progressiva do homem, tanto de seu passado individual como do passado coletivo do grupo social que estava inserida.
Nesses dias a conexão entre o tempo e o espaço era bastante nítida. Todas as culturas deste tempo possuíam maneiras de calcular o tempo: calendários, entre outros. O cálculo do tempo, base da vida cotidiana, sempre vinculou tempo e lugar: o “quando” só fazia sentido se vinculado ao “onde”. A vida social estava dominada pela localização das atividades. Porém, com o advento das novas formas de comunicação – internet, etc – pode-se perceber que há uma transformação no comportamento humano, principalmente dos jovens, pois podemos interagir com pessoas de todo o mundo simultaneamente, assim o tempo cronológico está tomando outros rumos. Temos hoje na internet uma hora mundial, barreiras estão sendo quebradas e o “quando” e o “onde” já não ditam todas as regras em nossos dias.

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